SEI/ANATEL - 5870596 - Relatório de Delegação

O delegado participou da 108ª Reunião do IETF realizada virtualmente entre os dias 27 e 31 de janeiro de 2020.

Nas reuniões do IETF são discutidas melhorias nos diversos protocolos utilizados na internet e a proposição de novos protocolos. Tais melhorias visam o aumento da eficiência e da segurança das comunicações via Internet.

O evento em tela contou com a participação de 1.051 pessoas de 54 países diferentes. Foram realizadas cerca de 101 reuniões durante o evento e, por ocorrerem de forma paralela, o delegado selecionou para acompanhamento aquelas cujos assuntos foram considerados mais relevantes para a Agência.

O delegado participou das reuniões dos grupos de trabalho pertencentes às seguintes áreas do IETF:

Internet Area. Dentre os principais tópicos técnicos cobertos pela área de Internet tem-se: camada IP (IPv4 e IPv6), implicações do esgotamento do endereço IPv4, coexistência entre as versões do IP, DNS, DHCP, configuração do host e roteador, mobilidade, dispositivos limitados (constrained devices) e outros. Esta área também é responsável por especificar como o IP será executado nos novos protocolos da camada de enlace.

Operations and Management Area. Os principais temas técnicos tratados pela área de Operações e Gerenciamento são: gerenciamento de rede, AAA (authentication, authorization, and accounting), problemas operacionais na Internet (DNS, IPv6, segurança operacional e roteamento), e outros. Diferentemente das demais áreas, esta é logicamente dividida em duas funções separadas. A função Gerenciamento de rede abrange gerenciamento de Internet e AAA e os protocolos relacionados, incluindo, mas não limitado a, NETCONF, SNMP, RADIUS, Diameter e CAPWAP e de modelagem de dados, bem como as linguagens de modelagem de dados usadas no gerenciamento (SMI e YANG). A função Operações é responsável por solicitar comentários e informações dos usuários, prestadoras e empresas acerca do trabalho do IETF.

Dentre os temas tratados nos grupos de trabalho, destacam-se os seguintes que estão diretamente relacionados às atividades da Agência e serão utilizados pela ORCN/SOR como subsídios para o desenvolvimento dos requisitos técnicos para avaliação da conformidade de produtos para telecomunicações e para as ações de supervisão de mercado (post-market surveillance). Ressaltam-se os trabalhos a seguir.

No grupo de trabalho "Benchmarking Methodology Working Group (bmwg)" foram tratados, além de outros, o seguinte draft:

"Benchmarking Methodology for Network Security Device Performance" (draft em desenvolvimento). Este documento estabelece as terminologias e metodologias de teste em dispositivos de segurança, com foco nos firewalls de próxima geração. São contemplados no documento as configurações de eficiência para segurança, além de testes de benchmark de desempenho. Os métodos de testes estabelecidos caracterizam-se por serem avançados, realistas e reprodutíveis. Para tanto, são descritos os ambientes de teste, os requisitos das ferramentas de teste, bem como os formatos para os resultados dos testes. Dentre os tópicos tratados na presente reunião, ressalta-se a discussão sobre o porquê da definição de que os testes fossem realizados no dispositivo com percentual de utilização de 50% da taxa máxima de conexão. A discussão será continuada nas listas de e-mail do grupo de trabalho de modo a definir se serão estabelecidos patamares intermediários (ex.: 25%, 50%, 75%), e em qual medida a alteração desse(s) patamar(es) traria benefícios.

No grupo de trabalho "IPv6 over Constrained Node Networks (6lo)" foram tratados, além de outros, o seguinte draft:

"IPv6 over Constrained Node Networks (6lo) Applicability & Use cases" (draft em desenvolvimento). Para contextualizar, as redes IPv6 que possuem dispositivos com recursos restritos tem características distintas das redes IPv6 comuns, tais como topologia de rede, menor tamanho de pacotes, endereços da camada de enlace curtos, baixa largura de banda, baixo consumo de energia, baixo custo e grande número de dispositivos. A título de exemplo, as camadas de enlace do IEEE 802.15.4 (base para Zigbee, WirelessHART, etc) operam com tamanhos de quadro de 127 bytes, sendo que o IPv6 requer que a camada inferior suporte um MTU de 1280 bytes. Por isso, dispositivos com recursos restritos devem possuir uma camada de adaptação para fragmentação e remontagem logo abaixo do IPv6. E, ainda, devido ao tamanho limitado do quadro IEEE 802.15.4 e dos requisitos de baixo consumo inerentes ao contexto de uso desses dispositivos, faz-se necessária a utilização da compressão de cabeçalho. Este draft explora a aplicabilidade do IPv6 em redes com recursos restritos, visando fornecer subsídios para avaliação sobre a possibilidade de utilização de uma variação da pilha 6LoWPAN a uma rede planejada. O documento discorre sobre as dimensões relacionadas em um projeto, tais como desenvolvimento, tamanho da rede, fonte de energia, conectividade, comunicação com vários saltos, padrão de tráfego, nível de segurança, mobilidade, requisitos de qualidade, etc. Foi decido durante a reunião a realização de uma WGLC (working group last call) de modo a verificar se existe consenso interno, para posterior aprovação no WG.

No grupo de trabalho "Internet Area Working Group (intarea)" foram tratados, além de outros, o documento RFC 8724 - "SCHC: Generic Framework for Static Context Header Compression and Fragmentation":

A referida RFC foi publicada em abril/2020 e trata da definição da estrutura de compressão e fragmentação de cabeçalho de contexto estático (SCHC), que fornece simultaneamente um mecanismo de compressão de cabeçalho e um mecanismo opcional de fragmentação.

A motivação da criação do SCHC foram as redes de longa distância de baixa potência (LPWANs). Este documento também especifica um mecanismo opcional de fragmentação e remontagem. Ele surge como uma solução para suporte ao requisito IPv6 MTU sobre tecnologias LPWAN. A fragmentação é necessária para datagramas IPv6 que ainda excedem o tamanho máximo do payload da camada de rede após a compactação realizada pelo SCHC, ou quando tal compactação não for possível.

Assim, os mecanismos de compactação e fragmentação do cabeçalho SCHC são independentes das tecnologias específicas LPWAN. Por isso o documento define funcionalidades genéricas e oferece flexibilidade em relação às configurações de parâmetros e escolhas de mecanismos. Em síntese, a RFC 8724 padroniza a troca entre duas entidades SCHC sobre redes LPWAN.

No grupo de trabalho "IPv6 over Low Power Wide-Area Networks (lpwan)" foram tratados, além de outros, os seguintes drafts, que tratam de tecnologias relevantes no contexto do IoT com dispositivos de menores taxas de transmissão de dados e maiores áreas de cobertura:

"Static Context Header Compression (SCHC) over Sigfox LPWAN" (draft em desenvolvimento). Este documento descreve o uso do SCHC em redes Sigfox LPWAN, e especifica elementos de parametrização eficiente e modo de operação. Os testes e codificações ainda continuam em desenvolvimento.

"Static Context Header Compression (SCHC) over NB-IoT" (draft em desenvolvimento). Este documento descreve o uso do SCHC nos acessos sem fio NB-IoT, e elenca os elementos para uma parametrização eficiente. O draft continua em fase de desenvolvimento e testes.

"Static Context Header Compression (SCHC) over LoRaWAN" (draft em desenvolvimento). Este documento descreve o uso do SCHC em redes LoRaWAN, e especifica elementos de parametrização eficiente e modo de operação. O draft foi submetido à WGLC, e, como houveram vários comentários, segue em desenvolvimento pelo grupo de trabalho.

No grupo de trabalho "IPv6 Maintenance Working Group (6man)" foram tratados, além de outros, o seguinte draft:

"Improving the Robustness of Stateless Address Autoconfiguration (SLAAC) to Flash Renumbering Events" (draft novo). O objetivo desse documento é melhorar a reação da autoconfiguração de endereço IPv6 Stateless durante os eventos de renumeração. Em tais eventos um prefixo IPv6 torna-se inválido de forma repentina, e os hosts da rede local continuam utilizando prefixos obsoletos por um longo período de forma inadequada, o que resulta em problemas de conectividade. O foco, então, consiste em: evitar o uso de endereços obsoletos para novas instâncias de comunicação; e executar a "coleta de lixo" de prefixos obsoletos, bem como de informações de configuração de rede relacionadas, de forma a não prender os recursos do sistema, além de evitar a comunicação com os novos proprietários do prefixo obsoleto. O documento ainda não possui consenso entre o grupo, sendo assim, há necessidade de mais dados empíricos para a tomada de decisão.

Os grupos de trabalho acompanhados realizam estudos que possuem estreita relação com trabalhos desenvolvidos pela Anatel. A participação nas reuniões dos grupos possibilita a avaliação das mudanças nos protocolos e a criação de novos protocolos de forma a ter uma atuação mais proativa no que se refere à atuação regulamentar voltada à avaliação da conformidade de produtos para telecomunicações, evitando possíveis entraves ou atrasos à inserção, no mercado brasileiro, de novos equipamentos e tecnologias.

O Brasil participa dos trabalhos relacionados a protocolos e especificações de testes com vista à defesa dos interesses nacionais, conhecimento da experiência de outros países e cooperação com os esforços internacionais de padronização. Dentre os assuntos discutidos neste grupo, relacionam-se fortemente com os trabalhos de regulamentação desenvolvidos na Agência: aspectos referentes à elaboração de requisitos para avaliação da conformidade de protocolos em equipamentos de redes, requisitos para esquemas de transição IPv4/IPv6 adequados para interoperabilidade entre redes, serviços e aplicações, questões de segurança nas comunicações, e questões sobre qualidade de rede.

Neste sentido, esta coordenação emite seu parecer favorável ao Relatório de Delegação aqui apresentado.

Documento assinado eletronicamente por Davison Gonzaga da Silva, Líder do Grupo Relator, em 28/08/2020, às 18:08, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no art. 23, inciso II, da Portaria nº 912/2017 da Anatel.

Documento assinado eletronicamente por Stefan Rafael Leandro Machado, Participante, em 28/08/2020, às 18:10, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no art. 23, inciso II, da Portaria nº 912/2017 da Anatel.

Documento assinado eletronicamente por Nilo Pasquali, Coordenador da CBC3, em 02/09/2020, às 09:36, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no art. 23, inciso II, da Portaria nº 912/2017 da Anatel.

A autenticidade deste documento pode ser conferida em http://www.anatel.gov.br/autenticidade, informando o código verificador 5870596 e o código CRC 089C6443.